quinta-feira, 6 de maio de 2010

“… Talvez seja essa uma das razões por que o Homem vive uma vida fragmentária, ele nunca parece amar o que faz – embora, de facto, pouca gente o faça. Se vivêssemos do trabalho que amamos, tudo seria muito diferente – compreenderíamos a totalidade da vida. Dividimos a vida em fragmentos: o mundo dos negócios, o mundo artístico, o mundo científico, o mundo político e o mundo religioso. Parecemos pensar que estão todos separados e que assim devem ser mantidos. Tornámo-nos hipócritas, fazemos algo repelente, corrupto, no mundo dos negócios, e depois voltamos para casa, para viver em paz com a nossa família; daqui nasce a hipocrisia, um modelo duplo de vida.”
de Krishnamurti, 1983

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Uma questão de Vida... ou Morte?!

Ontem havia uma frase que não me saía da cabeça. Aquela que foi proferida pela (provável) rainha do Jet7 Nacional. Sim, essa mesma! Alvo de chacota e qualificada, no mínimo, como pouco eloquente e perfeitamente “lapalissiana”…
“Estar vivo… é o contrário de estar morto!”
É verdade. É verdade! É… verdade?! Mas é verdade para quem? Para quantos de nós? Quem costuma pensar nestas coisas?
Basta falar na morte e a reacção é de retracção, “prefiro nem pensar nisso”, puro medo. Mas medo de quê, pergunto, se é a única certeza que temos… na vida?!

Há um ensinamento budista que sugere mais ou menos o seguinte: Acorda todos os dias, imaginando que tens um pequeno pássaro pousado no ombro. Pergunta-lhe, ao acordar mas também ao longo do dia, se este é O dia. O dia em que vais morrer. E pergunta-lhe também, se assim for, de que forma podes viver esse dia da melhor forma, de forma perfeita, em que encontras as pessoas certas, nos locais certos, no momento apropriado e abordando os assuntos que te são mais gratos. Para que, se assim for, partas em Paz contigo… e com os outros.
Considero este ensinamento Budista (ok, introduzi algumas modificações) bastante claro e, quiçá, um dos mais poderosos a que acedi nos últimos tempos. Tens que aprender a morrer, para saberes como viver! Todos os dias morremos um pouco e vivemos um pouco. Acordar vivo é uma Bênção. Poder olhar para quem partilha a cama connosco e dizer: Amo-te! Obrigado!

Ouvi um Jovem afirmar: “Estou bem, mas estava melhor em casa!”
Perguntei-lhe: “Daqui a quanto tempo esperas estar em casa?”
Respondeu-me: “Mais hora e meia e já lá estou!”
Perguntei: “Tens a certeza disso?”
Respondeu: “Certo como o destino!” (espantosa resposta!)
Perguntei de novo: “Tens a certeza absoluta que sabes que vais estar em casa daqui a uma hora e meia? Tens a certeza absoluta de onde, e como, vais estar daqui a … 5 minutos?”
Voltou a responder: “Certeza absoluta! Eu não morro, pá!”
Não será esta a maior ilusão da Humanidade, ainda por cima incerta, a de que morremos “só lá para os, mais ou menos, 80 anos”? Alguém me dizia, há uns anos, “para morrer basta estar vivo!” Bolas, mas que “pescadinha de rabo na boca” esta! Afinal de contas é vivo ou morto? E o que é que fica no meio? O vazio, o nada? O Tudo.

É esse o momento. É isso que significa estar absolutamente presente. É ser grato pela bênção da vida, não esperando estar morto, mas sim sabendo que essa é apenas a condição máxima de estar vivo!

Mas estar vivo tem diferentes conotações/significados para diferentes pessoas. Para uns, é conduzir a alta velocidade o carro desportivo de 100.000€. Para outros, é dropar ondas do tamanho de “arranha-céus”. Para outros ainda, é escalar montanhas do tamanho do mundo… enfim! Mas há outros, para quem estar vivo significa abraçar o filho, quando este acorda a meio da noite em sobressalto, ou ainda quando contempla o rosto da sua companheira amada.
Haverá distinção entre os diferentes modos de observar a vida? Eu acho que não. Cada um percepciona a vida, e o facto de a ter, de acordo com os seus sentidos (5 ou mais) e com a sua escala de valores.
Escala de valores essa que começa a formar-se desde tenra idade, a partir do momento em que começamos a percepcionar o mundo… através dos nossos sentidos. Com quem nos rodeia aprendemos uma serie de lições, das quais guardamos memórias que nos são úteis no futuro.
De todas as lições que aprendi na vida, há pelo menos uma que tive que aprender por mim: como morrer!
Afinal, estar vivo é o contrário de estar morto!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

"No fundo, os verdadeiros cientistas são poetas cheios de fantasia. Sem estas duas qualidades, a própria descoberta não existiria. De facto, para descobrir é primeiramente necessário imaginar. De outro modo teriamos de reconhecer que tudo é sempre e apenas obra do acaso." - Serge Bertino